Como um profissional de saúde pode emitir nota fiscal em 2025

Como um profissional de saúde pode emitir nota fiscal em 2025

Você é um profissional de saúde e ainda se sente perdido na hora de emitir suas notas fiscais? Saiba que você não está sozinho. A burocracia tributária brasileira pode parecer um labirinto, especialmente para quem tem a rotina agitada de consultórios e plantões. A boa notícia é que entender como um profissional de saúde pode emitir nota fiscal é mais simples do que parece.

Emitir notas fiscais é uma obrigação legal para a maioria dos profissionais, sejam eles médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas ou de qualquer outra área da saúde. Cumprir essa etapa corretamente não só evita problemas com a Receita Federal, como multas e sanções, mas também transmite profissionalismo e confiança aos seus pacientes.

Este guia completo foi criado para descomplicar esse processo. Aqui, vamos detalhar o passo a passo, desde a escolha entre atuar como pessoa física ou jurídica até a emissão do documento em si escolhendo um emissor de notas. Ao final da leitura, você terá a clareza necessária para gerenciar suas obrigações fiscais de forma eficiente e segura.

Pessoa Física ou Jurídica: Qual é a melhor opção?

A primeira grande decisão para um profissional de saúde autônomo é definir como atuará no mercado: como Pessoa Física (PF) ou Pessoa Jurídica (PJ). Essa escolha tem um impacto direto na carga tributária e na forma de emissão de notas fiscais.

Atuação como Pessoa Física (Profissional Autônomo)

Atuar como pessoa física significa que você presta serviços usando seu próprio CPF. É uma opção comum para quem está no início da carreira ou tem um volume menor de atendimentos.

  • Tributação: A principal desvantagem é a alta carga tributária. Os rendimentos são tributados pela tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), que pode chegar a 27,5%. Além disso, há a contribuição para o INSS (20% sobre o rendimento, limitado ao teto) e o pagamento do Imposto Sobre Serviços (ISS) ao seu município.
  • Emissão de Nota Fiscal: Como PF, você geralmente emite um Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) ou, dependendo da legislação municipal, uma Nota Fiscal Avulsa (NFAe). O processo para a NFAe costuma ser mais burocrático, exigindo um cadastro prévio na prefeitura.

Atuação como Pessoa Jurídica (Abrindo um CNPJ)

Abrir uma empresa (CNPJ) é, na maioria dos casos, a opção mais vantajosa financeiramente, especialmente quando os rendimentos mensais começam a crescer.

  • Tributação: Como PJ, você pode optar por diferentes regimes tributários, como o Simples Nacional ou o Lucro Presumido. No Simples Nacional, as alíquotas para serviços de saúde geralmente começam em 15,5% (Anexo V), mas podem cair para 6% (Anexo III) se os custos com folha de pagamento forem iguais ou superiores a 28% do faturamento (regra do Fator R). No Lucro Presumido, a carga tributária total fica em torno de 13,33% a 16,33% sobre o faturamento.
  • Emissão de Nota Fiscal: Com um CNPJ, a emissão de notas fiscais se torna uma rotina. Você emitirá a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e), um processo padronizado e digital.

Conclusão: Para a maioria dos profissionais de saúde com faturamento consistente, abrir um CNPJ é a escolha mais inteligente para reduzir impostos e formalizar o negócio.

Guia prático: Como um profissional de saúde pode emitir nota fiscal

Agora que você já entendeu as diferenças entre PF e PJ, vamos ao passo a passo detalhado para a emissão de notas fiscais como Pessoa Jurídica, que é o cenário mais comum e recomendado.

Passo 1: Abra sua empresa (CNPJ)

O primeiro passo é formalizar sua atividade. Para isso, é altamente recomendável contar com o apoio de uma contabilidade especializada na área da saúde. Eles irão te auxiliar em todas as etapas:

  1. Definição da Natureza Jurídica: Geralmente, profissionais de saúde optam por Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), que não exige sócios e protege o patrimônio pessoal, ou Sociedade Simples.
  2. Escolha do Regime Tributário: O contador analisará seu faturamento e despesas para indicar se o Simples Nacional ou o Lucro Presumido é mais vantajoso.
  3. Definição dos CNAEs: É preciso registrar os códigos (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) corretos para suas atividades, como 8630-5/03 (Atividade médica ambulatorial restrita a consultas) ou 8650-0/03 (Atividades de psicologia e psicanálise).
  4. Registro nos Órgãos Competentes: A contabilidade cuidará do registro na Junta Comercial, Receita Federal (para obtenção do CNPJ), Prefeitura (Inscrição Municipal) e no seu conselho de classe (CRM, CRO, CRP, etc.).

Passo 2: Obtenha um Certificado Digital

O Certificado Digital é a sua assinatura eletrônica. Ele é obrigatório para a emissão de notas fiscais eletrônicas, garantindo a autenticidade e a segurança das transações.

  • Tipos: Os mais comuns são o A1 (arquivo digital, válido por 1 ano) e o A3 (armazenado em token ou cartão, válido por até 3 anos). O A1 costuma ser mais prático para sistemas de emissão em nuvem.
  • Onde obter: Você pode adquirir seu certificado em uma Autoridade Certificadora (AC) credenciada pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).

Passo 3: Faça o credenciamento na prefeitura

Com o CNPJ e o Certificado Digital em mãos, o próximo passo é credenciar sua empresa como emissora de NFS-e na prefeitura do município onde sua empresa está registrada. Cada prefeitura tem seu próprio sistema e procedimento. Geralmente, o processo é online e solicita o preenchimento de um formulário e o envio de documentos. Sua contabilidade também pode cuidar dessa etapa para você.

Passo 4: Escolha um emissor de notas fiscais

Embora algumas prefeituras ofereçam um emissor gratuito em seus portais, ele costuma ser pouco prático e limitado. Utilizar um emissor de notas fiscais pago, ou seja, um software de gestão, traz inúmeras vantagens:

  • Automatização: O sistema preenche dados automaticamente, reduzindo erros e economizando tempo.
  • Integração: Pode ser integrado com seu sistema de agendamento e financeiro, automatizando a emissão assim que a consulta é finalizada.
  • Armazenamento Seguro: As notas fiscais emitidas (XML e PDF) são armazenadas em nuvem de forma segura pelo prazo legal (5 anos), evitando problemas em caso de fiscalização.
  • Suporte Técnico: Oferece suporte para resolver qualquer dúvida ou problema durante a emissão.
  • Relatórios: Gera relatórios financeiros que ajudam na gestão do seu consultório.

Existem diversas opções no mercado, desde as mais simples até as mais completas. Pesquise e escolha aquela que melhor se adapta à sua rotina.

Passo 5: Emitindo a Nota Fiscal de Serviço (NFS-e)

Com tudo pronto, emitir a nota é simples. Dentro do seu software emissor, você precisará preencher os seguintes campos:

  1. Dados do Tomador do Serviço (seu paciente): Nome completo, CPF e endereço. É fundamental ter esses dados corretos.
  2. Descrição dos Serviços: Detalhe o serviço prestado. Por exemplo: “Consulta médica”, “Sessão de fisioterapia” ou “Tratamento odontológico”.
  3. Código do Serviço: Cada município tem uma lista de códigos de serviço. Você deverá selecionar aquele que corresponde à sua atividade. Seu contador pode informar o código correto.
  4. Valor do Serviço: Informe o valor total pago pela consulta ou procedimento.
  5. Informações sobre Impostos: O próprio sistema emissor costuma calcular os impostos retidos, se houver, com base no seu regime tributário.

Após preencher tudo, basta clicar para emitir. O sistema se comunicará com a prefeitura, validará a nota e gerará o documento (PDF e XML). Você deve enviar o PDF para o seu paciente e guardar ambos os arquivos.

FAQ: Dúvidas comuns sobre a emissão de notas fiscais

Separamos algumas perguntas frequentes que podem ajudar a esclarecer ainda mais o processo de como um profissional de saúde pode emitir nota fiscal.

Preciso emitir nota fiscal para todos os atendimentos?

Sim. Por lei, você deve emitir nota fiscal para todos os serviços prestados, independentemente da forma de pagamento (dinheiro, cartão, pix ou convênio). A não emissão é considerada sonegação fiscal e pode acarretar multas severas.

E se eu atender por plano de saúde?

Quando você atende por um plano de saúde, a nota fiscal deve ser emitida para a operadora do plano, e não para o paciente. Geralmente, a operadora consolida todos os atendimentos do mês e você emite uma única nota fiscal com o valor total do repasse.

O que acontece se eu errar ao emitir uma nota?

Erros acontecem. Caso você emita uma nota com informações incorretas (valor, dados do paciente, etc.), é possível cancelá-la ou emitir uma nota fiscal de substituição. O prazo e o procedimento para cancelamento variam de acordo com o município, mas geralmente são curtos. Por isso, é importante conferir os dados com atenção.

O que é o CFOP e preciso me preocupar com isso?

O CFOP (Código Fiscal de Operações e Prestações) é um código que identifica a natureza da circulação de uma mercadoria ou da prestação de um serviço. Para a maioria dos profissionais de saúde que emitem NFS-e, este não é um campo com o qual você precisa se preocupar diretamente, pois ele é mais relevante para notas de produto (NF-e). No entanto, se você por acaso precisar lidar com a transferência de bens, como em uma remessa para conserto de equipamento, códigos como o CFOP 5411 podem aparecer. Na rotina de prestação de serviços, o foco será no Código de Serviço do seu município.

O próximo passo para sua tranquilidade fiscal

Entender como um profissional de saúde pode emitir nota fiscal é um passo fundamental para garantir a conformidade do seu negócio, evitar dores de cabeça com o Fisco e construir uma relação de transparência com seus pacientes.

Embora o processo envolva várias etapas iniciais, como a abertura do CNPJ e o credenciamento na prefeitura, a rotina de emissão se torna simples e rápida com o uso de um bom software emissor. A automação libera seu tempo para que você possa focar no que realmente importa: cuidar da saúde e do bem-estar dos seus pacientes.

Se você ainda se sente inseguro, não hesite em buscar o auxílio de uma contabilidade especializada. Ter um parceiro que entende as particularidades da área da saúde faz toda a diferença para uma gestão fiscal tranquila e eficiente.